
Confessamos! Nosso horizonte faz parte de uma nobre linhagem de utopias. Melhor, de heterotopias semióticas. De uma espécie de subversão, sabotagem ou de curto-circuitar a máquina da língua perfeita a serviço da paz. Aqui é como o Teatro e seu Duplo de Antonin Artaud. É um meio de comunicação com excesso de ruídos. Um transmmissor de idéias, sentimentos e imagens mentais que informa e deforma ao mesmo tempo. Um ecossistema semiótico onde os signos vivem, crescem, se superam e morrem belos e fecundos. Mas a esterilidade também é benvinda. Aqui não há a menor possibilidade de um acesso direto à origem ou à concepções de "em si" e "como tal". Abdicamos de que em todo acontecimento há um agir regido por alguma vontade, e de que há predicados que se diga alguma coisa sobre sujeitos. Aqui tanto o intelecto quanto o instinto são crenças que, ao mesmo tempo, são conhecimentos sobre essas crenças enquanto crenças! Ah! voltando ao início dessa nobre linhagem de heterotopias: tudo isso que dissemos não é uma confissão!
"4.
cor da sua saliva depois de comer amoras
enterrado no gelo sob colméias gigantes no deserto persa
espremido com sugo de romã e água-de-rosas
(o que esfria o sangue)
seu dedo numa luva de seda
apalpa a minha garganta, gotículas da cor do gelo
duas ameixorquídeas duras rolam na minha língua
lençóis branco-gelo, o ventilador de teto
uma jarra suando na cabeceira
telas de madeira ainda fechadas para a tarde
esfregue raspas de gelo nos mamilos
até que endureçam como amoras albinas!"
hakim bey
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