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segunda-feira, 10 de agosto de 2009

Zero pela conduta - Jean Vigo e nós!, suas crianças

Não é de se excitar a kundaline? Ler essa frase do poeta Raoul Vaneigem: "Tudo aquilo que pode ser destruído, deve ser destruído para que as crianças possam ser salvas da escravidão". Ah, ela nos reconecta às questões mais fundamentais de nossa existência: o que fazemos com aquilo que fizeram de nós?
Os dias na escola - do ensino fundamental à universidade - devem ser algo mais do que a soma de coações, humilhação, isolamento, sofrimento e decadência. Deve haver algo mais do que uma estrutura pedagógica voltada à idéia de que devemos aprender a sobreviver e não aprender a viver. Professoras e professoras devem estar empenhados/as em fazer muito mais do que nos educar para que pensemos que existe apenas uma forma certa de viver.

Pensemos na tragédia de estudantes por todo o planeta. Quantos/as já se suicidaram devido a anos de conscientização cega estimulada nas escolas? Como interpretam os psicólocos, o suicídio revela como se viveu: os culpados enforcam-se; os que se sentem sacrificados cortam suas gargantas; quem se atira de prédios e de pontes são os rejeitados; já os que têm mentes atormentadas se dão um tiro na cabeça. Ou, os que escapam do suicídio pandêmico, se tornam assassinos luciferinos revoltosos - como em 1999, na Columbine High School -, ou professores e professoras que morrem de medo em entrar em sala de aula pois podem ser espancados por seus estudantes, sejam escolas públicas ou particulares, aqui mesmo no Distrito Federal, ou, adultos frustrados tendo que fazer de tudo por momentos de entretenimento, ocupações anti-estresse ou correndo atrás de coisas que não precisam? Que tipo de subjetividade se está construindo nas escolas?

Eis que entra em cena "Zéro de Conduite" (Zero pela Conduta), de Jean Vigo, que assistimo no SubverCine passado para lançar luzes à nossa questão fundamental: o que fazemos com aquilo que fizeram de nós? O filme é de 1933, sem dúvida alguma, atemporal! Tranquilamente faz parte de uma corrente subversiva que ainda não disse tudo. Portanto, não nos calemos. Da perspectiva das crianças: que a garantia de não morrer de fome não se troque pelo risco de morrer de tédio! Esse filme também excita a kundaline.
Em Zero pela Conduta, a opção por viver é, antes de tudo uma opção política. Esta que está nos limites entre a antiga luta de classes e as atuais ações afirmativas. Ah, essas crianças bagunceiras... É um mergunlho em nossos sonhos. É uma fuga bem sucessida do lugar-comum cunhado a ferro e fogo. O mundo está aí para ser refeito, o quanto for necessário. Especialista algum conseguirá impedir vontades que não estão fadigadas pelo cotidiano. Não há álibi nenhum para a resignação. A inocência é lúcida e se organiza por uma exuberância libidinal própria de uma insurreição bem sucedida contra a violência de um mundo repressivo e tecnocrata. Crianças nos lembrando que se esquecermos as misérias de militância, o desespero do terrorismo e o voyerismo ao "bom selvagem", teremos "um mundo de prazeres a ganhar, e nada além do tédio a perder".

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