Latcho Drom (de Tony Gatlif) e a superação do urbano

Em língua cigana, Latcho Drom significa "estrada segura". No entanto é preciso construí-la. Abrir caminho. No caso, Tony Gatlif usa uma câmera para abrí-lo. Parte da Índia, passa pelo Egito, Romênia, Turquia, República Tchaca, Hungria, Alemanha, França e chega até a Espanha. Uma jornada que dura um ano. Experimenta-se um ciclo completo da natureza: primavera, verão, outono e inverno. O extraordinário é que quase dá para sentir os aromas e sabores dessa viagem fílmica. Um documentário musical colorido com tintas fortes e vibrantes. Um antídoto contra a pureza - esta forma perigosa de totalitarismo.
Aqui, não há medo da liberdade. Ninguém se torna unidimensional. Nenhuma consciência é mercadoria. A experiência mais significativa é a de que ainda há vida sem a indugência fútil do romantismo. Nos traz, à memória genética, de que jamais nos foi destruído a percepção trans-global e o senso de vastidão e completude do nomadismo. Estas podem até estarem enfraquecidas, mas são como as plantas do cerrado. Uma pequena chuva e estão lá elas com sua exuberância recconstituida. Um certo filósofo alemão, certa vez disse que jamais acreditaria em um deus que não soubesse dançar. Após assistirmos Lacho Drom, parafraseando esse tal filósofo Nietzsche, saímos dizendo: jamais assintír a um filme que não soubesse dançar.
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