Eis o segredo da Gueixa-deusa: Perfume de Ferrugem

 

E se uma noite uma determinada gueixa tivesse o segredo de jamais alguém deixar de sentir prazer? E se ela conseguisse desacumular as energias não gastas antes que estas se tornem angústias? E se ela, uma gueixa-deusa fosse portadora de um perfume único? Que, ao abrir seu frasco, você estaria condenado/a a viver uma festa permanente com o prazer como único guia. E mais! Você embriagado/a ainda ouvisse ela lhe dizer, ao pé do ouvido, as seguintes palavras mágicas:

             

             "A realização do prazer passa pelo prazer da realização. Esqueçam o trabalho! Dêem-se um ao outro. A moral da sobrevivência condena a diversidade dos prazeres. A única perversão é a negação do prazer! Estejamos protegidos e protegidas contra o sacrifício, a coação e a mentira. Tenhamos uma cumplicidade irradiante! Estejamos atentas ao ilosamento dos indivíduos na ilusão comunitária."

Pois vos digo! Foi isso que aconteceu no último sábado, dia 22 de maio de 2010 no Espaço Ferrugem. Essa gueixa-deusa sussurrou a todo tempo em nossos ouvidos. Nos ouvidos da Fernanda, ela soprou uma magnífica coleção de inverno. Fernanda não resistiu aos seus encantos e tornou-se gueixa-guerreira, gueixa-samurai sem mestre, gueixa-ronin. Nos meus, o delicioso e irresistível sopro me deixou com um único pensamento na cabeça: "Quero isto ainda uma vez e ainda inúmeras vezes!". Ao final, sob nossa tenda convidada pelo Espaço, ao sabor delicioso de saquê amargo adocicado com grozelha e de saborosos salgadinhos japoneses, realizávamos a difícil tarefa de recriar na vida social as condições do gozo perfeito no momento do amor. Conseguimos! Assim como dizia La Mettrie: "Tudo é feminino naquilo que se ama".