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quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Virada Movies - 2010


Ah, o acaso - pleno de sentido profundo e de vantagens -... sempre nos levando ao momento oportuno... neste setembro, o ele nos levou a uma comunidade intencional - de temporada curta, mas alegre. 12 horas de existência! Das 21hs da noite de 06 de setembro às 09hs do dia 07. Uma singularidade de eventos efêmeros e libertários. Nela escolhemos os 5 filmes que nos ajudariam no encaminhamento dos pontos de ruptura em nós mesmo/as - ir para além de nossos ideias. Foram eles: Blade Runner, Persepolis, Nós que aqui estamos por vós esperamos, Zatoichi, e Zero pela Conduta. E ao final, um delicioso café da manhã.

Com Blade Runner (1982 - EUA - Ridley Scott) aprendemos duas formas diferentes e opostas do desejo de eternidade: uma de gratidão e amor e outra de lei e coação. A primeira forma: Roy Batty. Representada pela vontade de eternizar enquanto insistência no amor. Roy não quer simplesmente permanecer no mundo. Ele quer agradecer o devir com a morte de seu criador. A segunda forma do desejo de eternizar é Deckard. Ele sofre. É um torturado. Isso o faz querer que seu sofrimento seja lei obrigatória. Ele quer permanecer no mundo enquanto ingratidão do que se é. 

Em Persepolis (2007 - França- Marjane Satrapi), pudemos transitar por uma geo-autonomia muito peculiar: um "retorno" ao mesmo tempo um passo adiante. Marjane Satrapi, uma estrangeira em sua própria terra que recusa ser um sujeito universal sob o horizonte do ser englobante. O Ocidente não é algo para ser imitado. A nacionalidade não é algo para ser reencontrado. A personagem nos aponta para o risco que devemos abraçar: como estaríamos sem a religião, o Estado e os trabalhos forçados?

Ah... em Aqui estamos por vós esperamos (1998 - Brasil - Marcelo Masagão) tivemos acesso a um só tempo ao pensamento de vida e ao pensamento de morte. Provação e prova. A história do século XX como certeza do detalhe enquanto incerteza do conjunto. Nada mais justo para nós: tudo é único, irremediável e inapelável. O reino do cemitério é soberano. Cada pessoa morta constrangindo nosso estar-no-mundo. Nos contando suas histórias como um "poderia-ter-sido". Para nós uma mensagem do além, sem ser fantasmagórica: sejamos mestres da dança, incitadoras à aventura, sedutor e tentadora, edicadores/as do por vir a ser - enquanto há tempo!

Nossa quarta parada foi em Zatoichi (2003 - Japão - Takeshi Kitano), um ronin cego, massagista e jogador de dados. Com ele aprendemos a arte do Hagakure, porém como a ética de um samurai sem daimyo (senhor feudal). Espadachim autonomista que nos ensina: vivemos no mundo; reagismo às coisas que nos rodeam; reação orientada pela intuição de justeza. Esta enquanto esquecimento, inocência, jogo, afirmação, criação, abertura, possibilidade, início. Com sua espada-bengala ou bengala-espada nos lembra que é preciso seguir os institntos, porém, estes persuadidos por bons e belos argumentos.

Por fim, o último mirante dessa jornada de 12 horas seguidas: Zero pela conduta (1933 - França - Jean Vigo). Caussat e Bruel foram nossos tutores-condutores: revolta infantil que nos abre o mais belo espaço de liberdade: ser livre sem garantias! Crianças cujas causa são elas mesmas. Causas que não se sustentam mais sobre nada. Indeterminadas no que virão a ser. Novidade, transgressão, invensões. Começo absoluto fora do tempo e da história. Após as férias e de volta às aulas que Caussat e Bruel sejam kairós (momento oportuno) e aión (guardião do passado e do futuro) contra chronos (o tempo sequencial). Luta contra o princípio de nossa educação: a inveja adulta para com a coragem e o vigor da infância.

Após tão instrutiva caminhada... nada com um delicioso café da manhã ao estilo beduíno: todos e todas em um único círculo em volta de uma farta mesa à altura do chão, compartilhando com a mão pães, homus, frutas e chá preto. Ingredientes frescos e pães recém saídos do forno. Quem sabe você não esteja na próxima Virada Movies? Desde já, sinta-se convidado/a.


1 comentários:

Sandra,  16 de setembro de 2010 às 14:24  

Uma experiencia única. Plural. Multi e transnacional, pois tivemos companhias de tres continentes ( europa, america do norte e america do sul). Desde um anoitecer quente dia 06 de setembro, a madrugada fria e a manhã ensolarada do dia 07 de setembro, ao histérico cantar dos passáros do cerrado e do sonolento amanhecer. Temos agora uma lembrança de independencia real ...

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